terça-feira, 14 de maio de 2013

na minha câmera

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Certas lembranças nós deixamos de lembrar, propositalmente, deixamos que a poeira do tempo se deposite sobre as nuances do momento guardado, impregnado dentro de nossas mentes, deixamos de lado os detalhes, até que não haja nuance nenhuma, até que não haja o relevo dos olhos se contraindo em sorriso, as cores, os tons... até que seja tudo coberto de tempo, que seja uma lembrança vaga, uniforme e superficial de alguma situação do passado.  E um dia, do nada, no local daquela lembrança, algo estala e um flash da memória  se acende, uma luz forte sobre aquela lembrança empoeirada  nos faz perceber que mesmo toda a poeira não apaga o passado, o flash abre o caminho que leva de volta a vida entalhada na lembrança, e apertamos o zoom dentro de nossas mentes, percebemos que basta apenas um pouco de esforço para que se veja, com clareza, tudo de novo,pra que estejamos mergulhados no que sobrou.  E esta tudo aqui,os relevos dos nós dos dedos, o timbre, a curva dos lábios, o burburinho ao redor, aquela atmosfera se refaz, se ilumina outra vez e apertamos o zoom até o fim. Sentada sozinha, me vejo do outro lado da mesa a sua  frente ouvindo você refletir se vai comer no Mc Donalds ou no Bob's, se decidindo finalmente pelo Bob's... sua voz grave e sóbria novamente me perguntando se alguém mais falou comigo quando você se afastou, continuando a demonstração de ciúme de horas mais cedo. Eu vejo tudo outra vez, os contornos das nossas sombras na mesa, intocado, mas decido por mantê-las no escuro das minhas recordações.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Devaneio de algum dia

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Sob a água quente do chuveiro encontrarei outro calor, num silêncio confortável de conversa em meio aos gestos, desenhando corações no vapor do blindex, num dia de outono, como esse. Com a chuva escorrendo na janela, enquanto a vida passa despercebida fora do nosso quarto, eu, que nem gosto de chuva... Enquanto corremos do frio pra quentura  que guardam as cobertas, pra entrelaçar nossas pernas pela cama, na normalidade de mais uma noite, nos esparramando de carinho, nós dois sozinhos sendo um. Seremos a imagem de um devaneio e todo resto banalidade, eu, que já nem imaginava...