terça-feira, 21 de julho de 2015

como acaba ou acabou...

... | via Tumblr


Sei que não estabelecemos regras para isso, que nem sabemos o que é. Na verdade, quando se começa algo assim, não se tem um ponto de partida, não se estabelece nada. Uma conversa leva a outra, que nos leva a um momento e nem sabemos explicar o sentido dessas coisas que dizemos e fizemos. Nos forjamos para parecermos e nos mostrarmos aptos a entrar nessa, para nos deixar levar pelo momento, pelo desejo, para sermos loucos em companhia e acabamos nos mostrando de verdade, acabamos nos abrindo, deixamos que aquela pessoa entre, que nos descubra, nos conheça... acabamos nos despindo e confiando, sem nos darmos conta.  
Abrimos um espaço para o outro em nossos dias e nem nos tocamos, guardamos um assunto para contar apenas aquela pessoa sem notar, reservamos o travesseiro do lado para aquela pessoa sem perceber e vamos nos acostumando a nos importar com o outro sem  nenhuma razão aparente. Acostumamo-nos com uma situação que nem sabemos nomear. Tampouco definir quando começou, ou mesmo  que sentimento circunda essa... relação? Será que tem um nome pra isso e nós que nunca soubemos? Ou será que isso não é nada?
E quando nos damos conta disso tudo, da intimidade, da costume da companhia... nos assustamos, nos recolhemos, recuamos pelo medo! Porque não era esse o planejado, não era esse o nosso combinado (tácito). E  aí num dia qualquer, basta que o outro diga uma palavra com uma conotação que nos desagrade, algo que nos faça sentir sem importância - a alguém que tanto nos importa - para que nos magoemos e comecemos uma discussão (as vezes absurda) de coisas que não se quis dizer e reclamações que não se sabe se pode fazer, impressões erradas e coisas por falar, pois não se sabe se pode falar.
Tudo motivado pelo medo de ter se envolvido demais, de ter errado nas medidas, se descuidado... Fica tudo pela metade ou cheio demais, as proporções não se ajustam, na verdade nem se sabe quais são as proporções, é tudo diferente, não se sabe mais o que é certo e errado, o que é adequado. Passamos a nos indagar um milhão de coisas...Que distancia devemos manter um do outro para que não queiramos ser tratados como alguém importante? Ou para não se querer mais do que se tem direito nessas circunstâncias ? A que distancia devemos nos manter para que tenhamos os sentimentos certos por aquela pessoa?
Eu achei que tinha direito de querer que você fosse mais atencioso comigo, achei que tinha o direito de ter me irritado quando você quis trocar o horário do nosso encontro, e confesso que pensando agora, tenho a impressão de que me equivoquei e acabei te irritando sem razão. Achei também que tinha o direito de querer que você falasse de outra forma comigo, que você poderia ter demonstrado melhor que queria que eu fosse mesmo assim, mas não sei. Acho que não sei de nada mais.
De qualquer forma já era tarde... nós já estavamos brigando de novo e eu não sei se essas brigas frequentes são permitidas, se condizem com a nossa situação, me pergunto agora. A essa altura, você já tinha dito que achava melhor pararmos, depois falou que não tinha dito com  aquela intenção, que eu estava tendo uma visão errônea da situação, de você. E eu ainda me pergunto, qual foi sua intenção verdadeira quando disse aquilo, assim de pronto.
Nesse caso fica uma coisa incerta, essas reticências que não contam se a história termina ou se terá continuação. O final é sempre dentro da gente: quando entramos em debate com nós mesmos para decidirmos se iremos falar com o outro ou não, se iremos esperar o outro ou não. E essa decisão pode ser o seu ponto final, que pode durar para sempre ou pode se tornar uma vírgula caso aquela pessoa te procure. Ou simplesmente, se você começa a pensar em tudo isso, em todas essas hipóteses... Mas não sei se te contar as minhas divagações e perguntar os sentidos das suas atitudes são condizentes com nossa situação. E, sobretudo, se você já colocou o seu ponto final ou não. Ficamos assim, sem saber como acaba ou acabou...

sábado, 18 de julho de 2015

eu que não amo você...

Metathesiophobia



Acordei achando que você tivesse me mandado a mensagem redentora, o sinal que estava esperando pra poder ir te encontrar, pra podermos consumar nossa loucura. Mas era sonho! E então despertei, o terceiro dia de vazio, terceiro dia que não queria levantar, não queria comer...cozinhar então?! Nem pensar! Só se fosse a nossa pipoca, a que eu iria fazer pra gente hoje, pro nosso filme. Por falar em filme, deixei de assistir sozinha, um bom, de suspense, pro caso de você me mandar aquela mensagem, que me permitiria ir te encontrar... Nós dois gostamos de filme assim. Filme que a gente provavelmente não iria terminar de ver. Mas reservei pra nós, mesmo assim. E a mensagem não chegou!

Por causa dessa briga não estudei, não escrevi, não fiz nada de útil ontem, nem anteontem e estava preocupada, porque percebi que hoje não seria diferente. Fiquei até as 3h da tarde segurando o telefone, literalmente, olhando sua foto, nossa conversa... e ponderando se devia te procurar ou não. A essa hora já era pra gente estar no sofá da sua casa, comendo pipoca, embolados um no outro. Cada minuto até as três da tarde eu vi passar numa indecisão sem fim: falo ou nao
? Fazendo as contas se ainda daria tempo de fazer o que tinha que fazer antes de ir bater na sua porta.

Voltei pra cama, e só conseguia imaginar a gente, o que estaríamos fazendo na sua casa. Só conseguia lembrar da gente, lembrar do carro, dos nossos passeios, das coisas que você me disse no escuro, lembrei de varias coisas que só tornavam mais difícil cada minuto que passava. Não soltei o celular, levantei, cheguei a escrever uma mensagem e apaguei na mesma hora. A minha cabeça me dizia pra mandar e não mandar, ao mesmo tempo. Pensei em te dizer que apaguei nossas fotos, assim, sarcástica, amarga. Pensei em te perguntar, mil vezes, se você queria mesmo continuar naquele clima. Outra hora, pensei em desabafar e dizer que odeio ficar assim com você, ou sem você (o que dá no mesmo), como já disse algumas vezes no dia seguinte de uma dessas brigas. E pensei em te dizer simplesmente, que sinto sua falta e meu corpo também.

Fiquei doente de agonia, de saudade, de desejo... mas não chorei dessa vez. Bebi meu vinho no almoço em grandes goles, pra ver se me embebedava e ver então se arranjava coragem  de te dar um sinal, ou simplesmente perguntar se você estava em casa, sem explicar nada, esperando que estivesse, esperando que entendesse mesmo assim e me quisesse aí, sem pensar duas vezes. Porque na verdade, eu queria ir, queria tanto, mas tanto estar aí. Só precisava arranjar uma desculpa, uma justificativa, uma garantia de que não iria me arrepender, depois daquele banho quente com você.

Mas não arranjei nenhuma.A gente briga, mas você não volta atrás, não manda mensagem no dia seguinte. Você me procurou anteontem e eu até achei um avanço, mas a gente brigou outra vez. A gente não ta funcionando mais. Eu te digo A, você entende B, eu peço pra você ser doce e você se irrita, acha ultrajante, absurdo, e distorce o que digo. E acha que na verdade não quero, que estou com medo de te encarar, de ir pra casa com você, de ficar sozinha com você... mas a verdade é que a gente já sabe o que acontece, a gente já sabe que dá certo, certo demais... Você não entende, ou finge que não, embora já tenha te dito varias vezes, que só quero que você tenha um pouco de tato comigo, que tenha cuidado comigo. Só! Que use palavras macias, seja apenas um pouco delicado... só isso. Já te falei, que não quero outra pessoa, não quero procurar outra pessoa, muito embora saiba que na verdade, era o que deveria fazer. E você não entendeu o sentido disso, de te querer ainda, apesar de não estarmos funcionando... o sentido da minha teimosia: que eu quero você mesmo!

Fiquei triste e senti saudade hoje, ontem, anteontem... das nossas conversas de antes, de dividir meu café com você no meio da tarde e o seu comigo, das suas piadas ridículas que me faziam rir de verdade não sei como, das nossas conversas quentes enquanto o dia ainda estava claro! Senti muito... Senti saudade de me dividir com você, de me mostrar pra você e saber que você gostava de cada parte minha, que minha imagem te tirava o sono, que minha pele te fazia adiar a despedida... Senti tanto!

Mas me levantei! Decidi! Não tinha mais volta. Fiz meu café da tarde, de todo dia, aliás, até meu café eu esqueci nesses três dias. Bebi meu copo enorme de café como quem bebe um uísque ou cachaça e não te contei. Não dividi. Embebedei-me do café que fiz, do que sou: sozinha!  Voltei a minha rotina de antes de você. Assisti as minhas aulas, li. Mais tarde vou continuar a assistir minhas séries, ouvir minhas músicas... Coloquei aquela camisa velha que minha mãe usava, mas que eu vinha me esquecendo de usar, porque sempre estava despida pra você. Quando for madrugada vou assistir àquele filme, sem você mesmo, porque era isso que fazia antes! Porque eu era assim antes de você, sozinha, sem mensagem, encontros, ligações. Durmo e acordo assim, quando estou triste, quando lembro da minha mãe, quando choro a madrugada inteira, quando me pergunto se te mando mensagem ou não, se te peço desculpas ou não, se vou embora ou não... estou sempre assim, sempre igual, como venho sendo há muitos e muitos anos: sozinha! Então é isso... Só queria que você soubesse mesmo que eu queria ter ido e se não fui, a culpa foi sua. Que não soube ter cuidado pra dizer que me queria, ou que não quis ter cuidado, porque só me queria.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Meu lado louca...

Há dias venho me despedindo de você, em minha cabeça já pensei e repensei o que dizer, já ensaiei diversas vezes como te dizer. Venho tentando me afastar aos poucos. E desistindo varias vezes. Toda vez que você vem falar comigo, com esse seu jeito... esse jeito divertido nosso, tudo parece fácil, simples demais. Esqueço a complicação dessa história, a enorme probabilidade de dar tudo errado. Quando estamos juntos, no calor do momento, entre carinho e carícias, olhares e beijos, entre vidros embaçados... eu me abro pra você, me desarmo, me entrego. E não raciocino. E não consigo parar. Mas cada dia que passo sem notícia sua, faz com que eu caia na realidade da situação em que nos colocamos, penso mil coisas que não queria pensar, me sinto sozinha e fico com raiva... enxergo cada possibilidade que existe de dar errado me ameaçar. Sinto que fomos longe demais, alto demais... olho pra baixo e sinto medo de já estar queda livre, de termos estragado tudo. Então te procuro, agoniada pra tentar entender o que houve, sou cínica e dou risada para conversarmos numa boa, finjo que nem liguei pro seu sumiço, que nem dei falta... mas por dentro estou engasgada com o medo e a raiva e não consigo deixar passar. No meio da calmaria, cuspo meu receio na sua cara com sarcasmo. A gente grita, eu grito. E eu pego minhas coisas, minhas roupas espalhadas, faço as malas, bato a porta... E no meio da madrugada me arrependo, volto atrás. Porque não quero outra pessoa, sou teimosa: quero você! Quero desfazer esse clima, bater na sua porta pra gente se acertar a qualquer hora da manhã.

domingo, 12 de julho de 2015

Sobre a falta dela...

Revenge | via Tumblr



Essa casa grita a falta dela, em cada coisa fora do lugar, está tudo torto, inacabado por causa dela. Cada um de nós carrega uma limitação por faltar ela. Eu não sou inteira, nunca serei, nunca serei normal por causa dessa falta, tenho plena consciência disso.Se alguém algum dia me quiser saberá que esta levando alguém quebrada, faltando uma parte, um objeto defeituoso, alguém cheio de traumas e fraturas.

Muitas vezes digo que essa historia de ter um par e um amor constante me dá sono, que ainda quero viver muitas coisas... porque aprendi a ser cínica, aprendi a mentir. Porque tenho medo de gostar de alguém que não vá querer entrar nessa vida torta que tenho, morro de medo de gostar de alguém que não vá suportar minha loucura. Eu nem tenho coragem de abrir minha vida para alguém outra vez de caso pensado. Mas eu finjo que não é essa a verdade.

Porque eu queria sim amar alguém que me quisesse apesar de tudo. Todo mundo quer! Alguém que escolhesse viver os meus medos, entrar no meu emaranhado, alguém que conseguisse enxergar alguma vantagem em estar ao meu lado, ainda que eu mesma não consiga.

Eu me sinto em desvantagem, me sinto injustiçada em relação as outras pessoas, desprotegida. E sei que ninguém tem culpa. E digo que aceito bem, que já nem choro quando falo dela, mas também sou falsa! Porque as consequências dessa falta estão tão entranhadas em mim, que as vezes acho que já nasci assim, despedaça, repartida.

E a vida é tão simples para as pessoas que tem aquela família de porta retrato, completa, que passa despercebido a grandiosidade que há por trás disso. Quando você tem alguém pra avalizar seus passos quando tem um responsável por trás de todos os erros que você comete, quando tem alguém pra recolher seus pedaços quando algo te parte ao meio. E eu sei que tenho. Tenho o melhor pai do mundo, o melhor pai que poderia imaginar e não duvido disso nem mesmo um segundo. Mas preciso da minha mãe, muitas vezes preciso apenas dela e ninguém mais!

 Eu sinto essa falta, sinto falta dessa mulher pra me espelhar, sinto falta da minha mãe quando olho pra minha casa, quando olho pra mim e vejo que serei sempre uma mesa manca, uma xícara sem alça. Quando entendo que não sou o tipo de escolha fácil e que o porque disso nunca poderá ser mudado, porque eu não posso traze-la de volta, não posso mudar os caminhos que minha vida percorreu.

E eu sei que ela sabe que eu sou forte também, que tento de uma forma meio errônea assumir o papel que a vida me impôs, que impôs a nós. Que já apanhei muito pra aceitar essa realidade e que muitas vezes as pessoas, com o intuito de me fazer crescer, apenas me faziam lembrar que eu nunca poderia suprir a falta dela, porque eu não escolhi isso, não me preparei pra isso e nunca me prepararia, pra vê-la partir tão cedo. E que eu também preciso de um colo, eu preciso ser filha, eu preciso ser criança, ser protegida, preciso que ela me diga o que fazer, ainda.

Venho tentando dar os passos certos, tomar as decisões certas desde os 10 anos, tentando sempre adivinhar o que ela me diria pra fazer... não tive pressa em virar mulher em alguns aspectos, porque em outros precisei ser mulher cedo demais, mas ainda erro, e nessa altura da vida, ainda preciso dela, ainda preciso da sua orientação... e sei que sempre irei precisar.

Sei também que onde quer que ela esteja, não está gostando desse texto, porque sei que se fosse permitido a ela escolher, ela teria escolhido ficar, com toda a dor e sofrimento inerentes, pra que nada disso nos afetasse. E já antecipo as desculpas, e peço que não se sinta culpada pelo que escrevi, porque sabemos que nada disso cabia a nós decidir. É esse é só o meu jeito de gritar, meu jeito de colocar pra fora tudo que não seria capaz de dizer, de me confessar, é a forma que inventei de pensar e continuar lúcida no meio dessa loucura.