A falta esmaga o coração da gente, num indagar incessante do que aquela pessoa esta fazendo naquele momento,se ainda lembra de você, se ainda está sozinha ou se arranjou alguém... um monte de "se " que ficam rodando em nossa cabeça.
E a gente se pergunta se estar separado é só uma pirraça do orgulho. Acredita que é só isso. Quando a gente gosta tem uma tendência a achar que é só isso, numa esperança que nasce sem a gente querer, como uma praga. A gente sempre acha que é importante pro outro, nunca enxerga que o problema (ou o engano) é esse e não o orgulho.
Eu não fugi a regra, hoje percebo. Desejei tanto que você voltasse que tentei ignorar a sua mudança naquela nossa primeira conversa. Alguma coisa estava errada mas decidi não dar atenção, resolvi esperar o dia seguinte. Acreditava que no outro dia encontraria aquele "você" de antes, me contando alguma coisa, fazendo alguma piadinha cheia de segundas e terceiras intenções e tudo estaria bem.
O dia seguinte chegou, o outro também... as coisas pareciam voltar ao normal, depois não. Sentia voce indiferente, intercalado com uns dias bons... E me perguntava se estava louca, se teria acontecido alguma coisa que mudou você por dentro, ou se eu estava pensando demais e guardava comigo...até a proxima atitude estranha acontecer. Tentava te ler, compreender o que se passava dentro de você, ia tentando me adequar a sua inconstância da melhor forma que podia, mas era como se esse tempo longe tivesse apenas nos deixados as diferenças, de todos esses anos que nos conhecemos só tivesse nos restado os últimos momentos de desencontros, a parte ruim de você e de mim, onde tudo que se ouve parece estranho, e o que se fala é frustrante... A gente nem conseguia mais conversar. Quem diria!
Achei que teríamos nossas conversas divertidas e fáceis de novo, sobre o dia, ou qualquer coisa. Como quando nós ficávamos conversando sobre as músicas que gostávamos, e voce me mostrava as suas conversas com a sua mãe no meio da tarde, quando a gente conversava mesmo quando você estava bebendo com seus amigos e depois me mandava áudio às 5h da manha falando tudo embolado, repetindo 50 vezes que o sol nao ia te deixar dormir; quando você me mandava mensagem a tarde fazendo piada com o café...Enfim, quando sua vida caminhava ao lado da minha de algum jeito.
Achei que estávamos separados pelo orgulho e que se fosse para ter isso tudo de novo eu poderia voltar atrás por nós dois. Mesmo sabendo de todas as complicações envolvidas no que nós tínhamos, mas acreditava que voltariamos a ser os companheiros de antes, e pra mim, valia a pena. Mas talvez a memória só resgate os momentos bons...
Nada parece como antes, eu sinto que perdi tudo de nós, perdemos o caminho de volta para aqueles dias, mas ainda estou aqui, ainda estou tentando. Dentro de mim ainda tenho aquela esperança solitária e insistente, que só quem gosta possui, que sobrevive até mesmo a esse caos que nos tornamos, e nem sei bem dizer de onde a tirei, ou em que momento você me demonstrou algo no qual eu pudesse recorrer agora, pois já faz tanto tempo... Nesse momento eu não tenho nada, não tenho a mínima noção do que se passa dentro de você. E simplesmente nem sei de que forma é mais difícil, quando estamos separados ou juntos desse jeito. E isso me destrói!
Estamos 'bem' de novo, mas eu passo noites e dias inteiros me questionando se não estava redondamente enganada sobre tudo isso? Cada vez que nos desentendemos e eu acabo cedendo pra evitar uma briga, eu me desconheço, porque parece que estou me afastando de mim, faço tudo que sempre disse a mim mesma que nao faria e, ainda assim, parece que pra você isso não significa nada, e acho que só estou piorando as coisas.
Estamos "bem" mas eu não estou bem, porque nada do que fomos existe mais. Está tudo diferente, nada disso acontece mais, apenas os mesmos problemas. Estamos "juntos" e eu continuo com saudade de nós, dessas coisas. Estamos "bem" mas eu choro quase todas as noites, depois dessas nossas conversas desinteressadas, depois de todas as vezes que falo com você e fico sem resposta, me perguntando se nos falaremos no dia seguinte ou nunca mais. Estamos "bem", mas me vejo na mesma agonia de antes, tentando não ficar te esperando, tentando me ocupar até a raiva passar, pra gente não brigar, porque não quero reclamar a mesma coisa sempre, não quero brigar!
Mas ainda estou tentando, não sei por que, ainda estou buscando dentro de você aquela pessoa que gostava de conversar comigo, que se divertia na minha companhia, mesmo sentindo medo de me perder de mim em cada briga que tento evitar, respirando fundo, mudando de assunto e sorrindo enquanto sinto tudo doer, enquanto sinto você me empurrar pra longe sem palavras, tentando entender se isso vai levar a gente, de fato, a algum lugar ou se só vai retardar um final que é inevitável.
Só queria que você voltasse a ser o que era antes comigo, que desse um pouco de valor por cada coisa que fiz pra gente ficar bem, que ao menos percebesse que eu estou tentando mudar e não errar o que errei antes.
Estou desesperada com isso, com essa sensação de que que estamos escorrendo pelo ralo, de querer de todo jeito impedir e não conseguir....sinto que preciso te ver, te encontrar em qualquer lugar pra mudar isso, precisamos conversar olho no olho, pra ver se desse jeito somos menos brutos, pra ver se encontramos alguma forma de ficarmos bem... Ao mesmo tempo sinto também que independente do que eu faça, ja não adianta!
Sei que você me acha chata hoje, deve se perguntar por que eu fico sempre arranjando confusão, deve estar decepcionado pois achava que estar comigo seria mais fácil e na verdade é desagradável. Porque você não tem ideia de como estou me sentindo, meu peito está tão apertado porque em cada esperança que meu coração planta você pisa e você nunca vai entender o quanto isso me machuca, porque você não sente por mim, o que eu sinto por você, essa é a minha conclusão. A nossa! Sinto tudo dentro de mim se encolher, porque a única coisa que percebo a cada esforço meu pra ficarmos bem é que a culpa é minha, de ter ido atrás de você se você nunca me disse que queria voltar.
Dezembro de 2015