terça-feira, 18 de agosto de 2015

silence is an answer too

Isolation is a killer


Sei que estou me despedindo de você, antes mesmo de partir, antes mesmo de você saber que vai embora, que eu sei que você vai. E faço isso porque não sei se quero me acomodar nesse lugar com você. Minto! Eu quero, se você me perguntasse, se você também quisesse... só não sei se estou preparada para me desacostumar depois de tudo, depois de toda intimidade. Não sei brincar disso. Por isso tô aqui pensando que não devia ter dividido tantas coisas com você e tô agora tentando me desfazer das lembranças, me desfazer das coisas que guardei pra te contar, pra ver se vou partindo aos poucos, se vou esquecendo as coisas que planejei pra gente, sem querer.
Nunca te falei exatamente o que se passa na minha cabeça quando você some, pra você não achar que sou louca, mas falei que não era nada bom e por isso odiava seus sumiços,seu silêncio.O seu silêncio fez isso com a gente! Seu silêncio me questiona coisas que não sei responder, perguntas que não quero fazer nem pra mim, nem pra você. Seu silêncio remexe o passado, me tranca com essas questões que não quero ponderar, com memórias que quero esquecer, de você, de mim... uma série de coisas que não sei se estão resolvidas ou não. Vejo algo e separo pra te mostrar e depois desisto, lembro de algo que quero te contar e me calo... seu silêncio me retrai, me apavorada e sobretudo, me afasta de você, me empurra pra cada vez mais longe. E me pergunto se você está de fato ao meu lado, se é apenas parte de você, ou se já me virou as costas... Fico no escuro e odeio! Te odeio por isso!
Aí vou me despedindo aos poucos de você, dentro de mim e é inevitável não fazer isso, porque me desespero tentando me proteger da sua falta. Vou  então ocupando meus pensamentos com outras coisas, tentando me afastar e sair assim, pelos fundos, à francesa, pra que EU não perceba - até porque, acho que isso já não faz diferença pra você -Vou arranjando um jeito de contar a mim mesma que estamos acabando... que estou desistindo de falar sozinha (com você). Queria te falar do frio que tá fazendo de novo, conversar sobre aquela noite, falar que tinha esquecido do episódio da cotovelada e rir junto com a lembrança, te contar da viagem que vou fazer...mas guardei tudo pra mim, seu silêncio me impede, é como se você me dissesse sem palavras que não está interessado em nada disso. Ainda quando conseguimos conversar há silêncio, esse esboço do fim estampado no nosso diálogo.
E eu tenho tentado de todos os jeitos, tenho fingido pra você que não estou angustiada com essa mudança, tentando todo dia acreditar que você não está diferente, como disse. Falo com você desviando do assunto, esperando que as coisas voltem ao normal... porque sei que se eu for entrar no assunto de novo acabaremos brigando, e não quero isso, porque dói muito mais. Dói muito mais o alarde do fim, dói muito mais ir embora na gritaria... é tão difícil! Até hoje não tive a coragem de bater a porta de uma vez, sempre acabei deixando uma brecha, esquecendo a chave. Ainda não consegui passar despercebida por nós dois e continuar a viagem, sem lembrar da gente, sem querer de novo. Mas não sei até quando vou aguentar continuar aqui, se eu for dessa vez, acho que não volto mais! 



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