sábado, 18 de julho de 2015

eu que não amo você...

Metathesiophobia



Acordei achando que você tivesse me mandado a mensagem redentora, o sinal que estava esperando pra poder ir te encontrar, pra podermos consumar nossa loucura. Mas era sonho! E então despertei, o terceiro dia de vazio, terceiro dia que não queria levantar, não queria comer...cozinhar então?! Nem pensar! Só se fosse a nossa pipoca, a que eu iria fazer pra gente hoje, pro nosso filme. Por falar em filme, deixei de assistir sozinha, um bom, de suspense, pro caso de você me mandar aquela mensagem, que me permitiria ir te encontrar... Nós dois gostamos de filme assim. Filme que a gente provavelmente não iria terminar de ver. Mas reservei pra nós, mesmo assim. E a mensagem não chegou!

Por causa dessa briga não estudei, não escrevi, não fiz nada de útil ontem, nem anteontem e estava preocupada, porque percebi que hoje não seria diferente. Fiquei até as 3h da tarde segurando o telefone, literalmente, olhando sua foto, nossa conversa... e ponderando se devia te procurar ou não. A essa hora já era pra gente estar no sofá da sua casa, comendo pipoca, embolados um no outro. Cada minuto até as três da tarde eu vi passar numa indecisão sem fim: falo ou nao
? Fazendo as contas se ainda daria tempo de fazer o que tinha que fazer antes de ir bater na sua porta.

Voltei pra cama, e só conseguia imaginar a gente, o que estaríamos fazendo na sua casa. Só conseguia lembrar da gente, lembrar do carro, dos nossos passeios, das coisas que você me disse no escuro, lembrei de varias coisas que só tornavam mais difícil cada minuto que passava. Não soltei o celular, levantei, cheguei a escrever uma mensagem e apaguei na mesma hora. A minha cabeça me dizia pra mandar e não mandar, ao mesmo tempo. Pensei em te dizer que apaguei nossas fotos, assim, sarcástica, amarga. Pensei em te perguntar, mil vezes, se você queria mesmo continuar naquele clima. Outra hora, pensei em desabafar e dizer que odeio ficar assim com você, ou sem você (o que dá no mesmo), como já disse algumas vezes no dia seguinte de uma dessas brigas. E pensei em te dizer simplesmente, que sinto sua falta e meu corpo também.

Fiquei doente de agonia, de saudade, de desejo... mas não chorei dessa vez. Bebi meu vinho no almoço em grandes goles, pra ver se me embebedava e ver então se arranjava coragem  de te dar um sinal, ou simplesmente perguntar se você estava em casa, sem explicar nada, esperando que estivesse, esperando que entendesse mesmo assim e me quisesse aí, sem pensar duas vezes. Porque na verdade, eu queria ir, queria tanto, mas tanto estar aí. Só precisava arranjar uma desculpa, uma justificativa, uma garantia de que não iria me arrepender, depois daquele banho quente com você.

Mas não arranjei nenhuma.A gente briga, mas você não volta atrás, não manda mensagem no dia seguinte. Você me procurou anteontem e eu até achei um avanço, mas a gente brigou outra vez. A gente não ta funcionando mais. Eu te digo A, você entende B, eu peço pra você ser doce e você se irrita, acha ultrajante, absurdo, e distorce o que digo. E acha que na verdade não quero, que estou com medo de te encarar, de ir pra casa com você, de ficar sozinha com você... mas a verdade é que a gente já sabe o que acontece, a gente já sabe que dá certo, certo demais... Você não entende, ou finge que não, embora já tenha te dito varias vezes, que só quero que você tenha um pouco de tato comigo, que tenha cuidado comigo. Só! Que use palavras macias, seja apenas um pouco delicado... só isso. Já te falei, que não quero outra pessoa, não quero procurar outra pessoa, muito embora saiba que na verdade, era o que deveria fazer. E você não entendeu o sentido disso, de te querer ainda, apesar de não estarmos funcionando... o sentido da minha teimosia: que eu quero você mesmo!

Fiquei triste e senti saudade hoje, ontem, anteontem... das nossas conversas de antes, de dividir meu café com você no meio da tarde e o seu comigo, das suas piadas ridículas que me faziam rir de verdade não sei como, das nossas conversas quentes enquanto o dia ainda estava claro! Senti muito... Senti saudade de me dividir com você, de me mostrar pra você e saber que você gostava de cada parte minha, que minha imagem te tirava o sono, que minha pele te fazia adiar a despedida... Senti tanto!

Mas me levantei! Decidi! Não tinha mais volta. Fiz meu café da tarde, de todo dia, aliás, até meu café eu esqueci nesses três dias. Bebi meu copo enorme de café como quem bebe um uísque ou cachaça e não te contei. Não dividi. Embebedei-me do café que fiz, do que sou: sozinha!  Voltei a minha rotina de antes de você. Assisti as minhas aulas, li. Mais tarde vou continuar a assistir minhas séries, ouvir minhas músicas... Coloquei aquela camisa velha que minha mãe usava, mas que eu vinha me esquecendo de usar, porque sempre estava despida pra você. Quando for madrugada vou assistir àquele filme, sem você mesmo, porque era isso que fazia antes! Porque eu era assim antes de você, sozinha, sem mensagem, encontros, ligações. Durmo e acordo assim, quando estou triste, quando lembro da minha mãe, quando choro a madrugada inteira, quando me pergunto se te mando mensagem ou não, se te peço desculpas ou não, se vou embora ou não... estou sempre assim, sempre igual, como venho sendo há muitos e muitos anos: sozinha! Então é isso... Só queria que você soubesse mesmo que eu queria ter ido e se não fui, a culpa foi sua. Que não soube ter cuidado pra dizer que me queria, ou que não quis ter cuidado, porque só me queria.

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