terça-feira, 17 de janeiro de 2012

atrás da porta

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"Ora, pra que me enganar: você realmente pediu,sem pronunciar, você vinha pedindo, me deixe, olhe o jeito que te trato, repare em como não te quero mais, me deixe, e eu, de repente, naquela noite que poderia ter sido amena, me vi desistindo de um jantar e de nós dois em menos de dez minutos, a decisão mais rápida da minha vida, e a mais longa, começou a ser amadurecida desde o dia em que falei com você pela primeira vez, desde uma tarde em que nem tínhamos iniciado nada e já amadurecia o fim, e assim foi durante dois anos em que estivemos tão juntos e tão separados, eu em constante estado de paixão e luto (...)."

Não quero carregar os mesmos pesos do passado, arrastar por aí os sofrimentos conhecidos de anos atrás,carregar no fundo do olhar a tristeza que já me ronda de antes ,os sentimentos doloridos de um amor que nunca se consumará, não valeu! Um amor que existe em mim,pesado que e só eu que levo, só meu...não levarei! E então chega uma hora que algo faz com que você abra os olhos e olhe pra trás e você percebe que esperou por alguém,mesmo sem querer... por alguém que nunca veio e mais do que nunca, não virá! E é tão estranho,porque lá fundo,bem no fundo você sentia como se realmente algum dia fosse acontecer, como se no fundo cultivar um sentimento tão grande por alguém seria a garantia de que aquilo um dia iria se tornar real, pros dois, como tantas vezes imaginamos ou não,mas que um dia,algum dia,aconteceria. Eu não quis dizer que estaria aqui,não queria estar aqui ainda,era bom que isso fosse verdade, ao menos uma das vezes em que me propus ou impus a isso,se fosse pra por um fim, que fosse pra valer e não assim...Eu ainda estou aqui,sempre estive... por vezes tentei mostrar a ele que eu estava indo, que tinha desistido e decidido seguir meu caminho fechando a porta e indo embora,no entanto eu nunca fui, eu sempre estive atrás da porta de um..'quem sabe um dia...', porque não somos nós que sabemos,as coisas acontecem por razoes que desconhecemos,nunca sabemos. Isso não depende de mim...será? Agora eu me sinto como uma idiota que não conseguiu enxergar o óbvio, não era eu que estava sempre com ele,mas sim ELE que estava sempre comigo,eu carrega ele no meu coração,nos meus planos,nas minhas lembranças...em cada momento mais solitário,mais comum...quando colocava a cabeça no travesseiro, quando abria os olhos de um sonho qualquer pensando que um dia eu realmente iria dividir com ele as coisas que eu hoje e sempre imaginei dividir, dentro de mim, sozinha, durante todo esse tempo,em todos os meses que passamos distantes,em que nos afastamos tanto...sempre,eu acreditei nisso...por que? por que? Nunca existiu nem remotamente a garantia disso, um feixe de possibilidade palpável,mas eu acreditei,de verdade. Todos os anos,tudo que eu sabia dele, o que eu conhecia tão bem,os gestos, a vida dele,a história de nós, a história deles, tudo que eu desejava a ele,toda a dedicação em todas as coisas que eu fazia pra ele,que escrevia,o cuidado,o carinho...tudo que envolvia ele,que já havia se tornado um extensão de mim mesma,não seria a tôa, não podia ser, me levaria a algum lugar, traria ele pra mim um dia,algum dia... pensando bem, me trouxe a um lugar: exatamente aqui onde estou hoje,sozinha,como antes.  Eu errei,sobretuuudo, eu! Quantas vezes me privei de demonstrar tanto,de dizer, de expor o que eu sentia e me entregar quando eu queria,quando ele queria...pra fazer o jogo dele,pra me valorizar...Mas no fundo eu nunca fui embora de verdade,e ele sabia disso, mesmo nas minhas tentativas tortas de provar o contrário... no próximo momento que ele me visse e que ele me olhasse nos olhos,que ele tocasse em mim, ele veria com total transparência,ainda que eu não quisesse, que eu ainda sentia a mesma coisa de sempre,meus gestos denunciavam isso o meu jeito,mais natural que fosse. Eu sempre estive atrás da porta,sem conseguir seguir meu caminho, pensando em voltar. Eu devia era ter permanecido ou ido embora de vez, minhas privações não me levaram a lugar nenhum nem as vezes que me entreguei, eu agi errado, eu hesitei,meu sentimento me fez hesitar, o coração queria ficar sem pensar no depois, pensando apenas no momento que eramos algo próximo a um casal, respirando o máximo daqueles dias,colecionando esses momentos doces, de nós dois... e a cabeça tentando me convencer a ir embora. O meu erro foi esse, talvez nunca tenha havido essa porta, pra que eu saísse e tampouco entrasse...mas achei que um dia o sentimento justificaria meus equívocos nos tornando um casal de verdade,sempre ficava essa esperança. E agora,onde estou,eu vejo uma distância enorme entre nós que não nos levou a lugar nenhum e com isso, perdi um amigo e não vale sonhar mais,as cartas são essas que colocaram na mesa e só, a porta foi fechada para mim e ele não está mais sozinho lá dentro e essa é a verdade,nada mais. Sem entrelinhas,sem nós, sem talvez,sem suposições,apenas um concreto... fim,por mais vago que tenha sido o 'antes'.

3 comentários:

  1. Voltei... =) Gostei do seu texto de uma maneira geral, acredito que você fez uma reflexão muito grande sobre o assunto. Impactante, melancólico, bem sincero e profundo. Gosto de um texto com verdade, independente do que falem, textos verdadeiros têm uma profundidade muito grande. Acredito que o ritmo do texto é bom, ainda que sua utilização das vírgulas nele tenha-o deixado uma pouco bagunçado. Mas o texto é bom, o tema que é triste... =)

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  2. Também gosto de textos verdadeiros, ou que pelo menos passem realidade... E gostei muuuito que você tenha vindo aqui ler e comentar,obrigada Luuiz, vou tentar melhorar! :D

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